UMA ANÁLISE DA ARTICULAÇÃO DA SAÚDE MENTAL COM A ATENÇÃO BÁSICA
Resumo
A atenção básica tem como um dos grandes desafios trabalhar, no seu contexto, demandas relacionadas à saúde mental. O redirecionamento do modelo assistencial da saúde nos últimos anos no Brasil permitiu um cuidado em saúde mental de forma mais ampliada a partir de uma ótica de territorialização. Essa articulação, mesmo considerando propostas previstas pela Reforma Sanitária e pela Reforma Psiquiátrica no país, vem apresentando algumas limitações para a sua plena efetivação. O pouco manejo no que diz respeito às demandas de saúde mental por parte de alguns profissionais de saúde da atenção básica – devido muitas vezes a seu processo de formação – e a resistência e estigmas em relação à temática também se apresentam como pontos importantes de fragilidade no cuidado. Assim, este artigo tem como objetivo analisar a importância da articulação da atenção básica com a saúde mental, abarcando suas limitações e suas possibilidades estratégicas. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica, de caráter exploratório, qualitativo e não sistemático. Diante de tal discussão, aponta-se o apoio matricial como uma estratégia possível na efetivação do cuidado corresponsabilizado entre a rede especializada e a atenção básica, fortalecendo a resolutividade e a qualidade dos serviços ofertados em saúde. Conclui-se que o processo de construção coletiva, utilizando os dispositivos de cuidado da Rede de Atenção à Saúde, assim como os recursos comunitários e intersetoriais, deve sempre ser considerado para a consolidação e transformação do cuidado em saúde mental articulado com a atenção básica.
Referências
Queiroz VDC. A saúde mental na atenção primária. Serv Soc Realidade. 2010;19(1):125-52.
Brasil. Ministério da Saúde. Saúde mental e atenção básica: o vínculo e o diálogo necessário. Brasília (DF); 2007.
Vecchia MD, Martins STF. Desinstitucionalização dos cuidados a pessoas com transtornos mentais na atenção básica: aportes para a implementação de ações. Interface. 2009;13(28):151-64.
Nunes M, Torrenté M, Landim FLP. Saúde mental e atenção primária: transversores de articulação. In: Nunes M, Landim FLP, organizadores. Saúde mental na atenção básica: política e cotidiano. Salvador (BA): Edufba; 2016. p. 123-41.
Martins AKL, Braga VAB, Souza AMA. Práticas em saúde mental na estratégia saúde da família: um estudo bibliográfico. Rev RENE. 2009;10(4):165-72.
Souza AC, Rivera FJU. A inclusão das ações de saúde mental na atenção básica: ampliando possibilidades no campo da saúde mental. Rev Tempus Actas Saúde Colet. 2010;4(1):105-14.
Gil AC. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6a ed. São Paulo (SP): Atlas; 2008.
Tanaka OY, Ribeiro EL. Ações de saúde mental na atenção básica: um caminho para a ampliação da integralidade da atenção. Ciênc Saúde Colet. 2009;14(2):477-86.
Campos GWS. Saúde mental e atenção primária: apoio matricial e núcleos de apoio à saúde da família. In: Nunes M, Landim FLP, organizadores. Saúde mental na atenção básica: política e cotidiano. Salvador (BA): Edufba; 2016. p. 28-46.
Gryschek G, Pinto AM. Saúde mental: como as equipes de Saúde da Família podem integrar esse cuidado na atenção básica? Ciênc Saúde Colet. 2015;20(10):3255-62.
Dimenstein M, Severo AK, Brito M, Pimenta AL, Medeiros V, Bezerra E. O apoio matricial em unidades de saúde da família: experimentando inovações em saúde mental. Saúde Soc. 2009;18(1):63-74.
Frateschi MA, Cardoso CL. Saúde mental na atenção primária à saúde: avaliação sob a ótica dos usuários. Physis. 2014;24(2):545-65.
Onocko-Campos RS, Campos GWS, Ferrer AN, Corrêa CRS, Madureira PR, Gama CAP, et al. Avaliação das estratégias inovadoras na organização Atenção Primária à Saúde. Rev Saúde Pública. 2012;46(1):43-50.
Silveira DP, Vieira ALS. Saúde mental e atenção básica em saúde: análise de uma experiência no nível local. Ciênc Saúde Colet. 2009;14(1):139-48.
Delfini PSS, Sato MT, Antoneli PP, Guimarães POS. Parceria entre Caps e PSF: o desafio da construção de um novo saber. Ciênc Saúde Colet. 2009;14(supl. 1):1483-92.
Salvador DB, Pio DAM. Apoio matricial e CAPSi: desafio do cenário na implantação do matriciamento em saúde mental. Saúde Debate. 2016;40(111):246-56.
Castro CP, Oliveira MM, Campos GWS. Apoio matricial no SUS Campinas: análise da consolidação de uma prática interprofissional na rede de saúde. Ciênc Saúde Colet. 2016;21(5):1625-36.
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Estabelece que os centros de atenção psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: Caps I, II, III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional, conforme disposto nesta portaria. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília (DF); 2002 fev 20. Seção 1, p. 22.
Bonfim IG, Bastos ENE, Góis CWL, Tófoli LF. Apoio matricial em saúde mental na atenção primária à saúde: uma análise da produção científica e documental. Interface. 2013;17(45):287-300.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1.Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.